sábado, 29 de maio de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
Diário da Av Paulista, domingo, 23 de maio
Duas velhas com bengalas. Fiquei em dúvida se seriam mãe e filha.
Minha neta garantiu que não, deveriam ser amigas. Minha dúvida permaneceu, mas entrei na de Analu, a neta de dezesseis anos. Penso ser chocante para Analu mãe e filha usarem bengalas juntas. Uma delas deveria ser bem mais moooçaaa. Enfim, oços do ofício. E aqui o ofício é a vida.
Um homem Lillás passou por nós, tomando refresco. Um homem todo lilás, roupa e sapatos Croc, lilás.
E o grupo do "Abraço de Graça", diante de nós, na frente do MASP. Éstamos em quatro. Não me atirei nos braços que me atraiam. Os companheiros (marido neto e neta) se rebelariam. Analu, minha neta, compreendeu o chamado: "As pessoas são fechadas, pedem que se abram". Analu se atirou num abraço, e eu a segui. Que maravilhoso se abrir!!!!!!!!!!!! Revolucionário. Um abraço pode ser revolucionário.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Hoje doeu
estar afastada
do mundo mágico do Cerrado,
lugar de horizonte mar,
a terra onde nasceu.
A vida doeu e ela
se sentiu esquisita
No peito a bronquite,
ninho de gato,
ronronou
Perdeu a Língua Materna
e sentiu-se analfabeta
O que a salvou de gravitar
e tornar-se
uma lua gelada,
foi o peso da gravidade,
ao jogar uma maçã em sua testa
A cabeça gemeu
mas a alma agradeceu
Hoje usou a dor
para acordar mais um pouco
da ameaça do sono
letárgico
terça-feira, 11 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
A MORTE do GATO
Enquanto o gato que me habitava morria
sete vidas espertas e bem vividas moribundas,
um espelho explode
todo um planeta
Que mais em mim quebra e se esvai?
Como ficar sem os muros
as heras e unhas de gato
as noites de cios vadios
as brigas e a malandragem
os gritos na madrugada
a travessia de rua?
Sem o vício por sardinha
sem a cumbuca florida
de entornar leite ou água?
Sem o dengo
sem a manha
o novelo arrepiado
a poltrona beije rasgada
de afiar vinte garras?
Como largar o poder
de tremelicar e correr
ratazanas e baratas?
A oitava vida parte, lunar,
em tranças pretas e prata
Nenhum príncipe para me acordar
e, também, nenhuma torre
de onde ser libertada
O poeta anuncia:
Desperta! Não morra ainda
Vidas aguardam!
A poesia, sino de bronze,
forja palavras
e acorda a cidade obscura
Morre a pena de mim:
abro cortina e persiana
com a força dançarina de mãos e braços
e felina, a isto não renuncio,
espreguiço para o Sol acolhedor
Espanto a letargia em uma cascata gelada,
coisa que gato abomina
Escovo cabelo, dentes
visto velhas pantalonas
e descalça, me preparo para rodar
outras tantas milhas
por vigílias estreitas,
escarpas não mapeadas
Viagem
Viajei incrivelmente: do presente para o passado, in loco.
Estive no ap. antigo. Não senti saudades. Não sou saudosista. É bom ou mal? Não importa. Viver sim, importa. Um lugar se aprontando para nós _ o novo espaço. Outro lugar se aprontando para outros, o velho/novo espaço. Velho para mim, novo para outro(s). A vida é misteriosa.
Assinar:
Postagens (Atom)