segunda-feira, 4 de junho de 2012

"Poema Percebido", de Gabriel Arcanjo















Quero um poema

sem pausa

Sem ponto

Sem virgula

Que seja lido corrido

Reinvente as palavras

Sem rima

Que por mais

Que seja mal escrito

Que ele gere polêmicas

Silêncio e gritos

Mas que não seja metafísico

Que se arrisque

E que corra perigo

Um poema sem história

Que não fale do passado

Nem recorra a memória

Que seja dito

Ao pé do ouvido

Quer seja preto e branco

Ou colorido

Que seja transparente

Mas não passe despercebido

Que ateie fogo ao quarteirão

E provoque o libido

Um poema profundo

Que abra as portas do mundo

Há muito tempo fechadas

Que sacie a fome

E alivie a dor

Enfim um poema de amor

Que seja de dominío público

Como uma oração

Feita dos pais para os filhos

E dos filhos para os pais

E que ninguém saiba

De onde ele veio

E para onde ele vai

Que seja dito por camponeses

E executivos

Que suplante a guerra

E instaure a paz

E que ninguém diga

Que tanto faz