domingo, 22 de fevereiro de 2009
















ESTE LIVRO

Albeniz Clayton

Por favor
Não guarde este livro
Leia-o
Não o guarde com a poeira
Deixe-o respirar
Com o pulmão da vida
Páginas sempre arejadas
Abertas

Que as palavras circulem como o oxigênio
Por dentro dos seres de boa vontade
Leia-o e lance-o à arena dos condenados
Pois somos
Mas que ele não
Morra e entrerrado

É um livro de águas
E como tal necessita correr
Que corra
De mão em mão, de boca em boca,
Matando a sede de quem tem

Fluindo para além do mar
Ondas, páginas
Pra quem possa nadar
Deixe-o selvagem e vagabundo
pelo mundo a perambular
Porque é água limpa
Poesia cristalina
Cada página uma cachoeira
É o que tentei escrever
Um compo d´água, uma tempestade
Deixe que o livro seja

Anjo,
Deixe que este livro seja
De poesia potável
Cada página transparente
profundo arrecife de corais
Cores e palavras
Reflexos de vida

Por favor, deixe-o que viva,
Porque ele está vivo e quer
Fluir
Porque é um rio,
Meu deus

Albeniz Claytondeixou o Brasil e iniciou uma viagem pela Espanha e Marrocos, naturalizando-se espanhol. Frequentou o curso de Filologia Portuguesa na Universidade de Barcelona e recebeu a bolsa Erasmus (200-2001)para estudar Literatura e Tradução na Universidade da Sorbone _ Paris IV. Atualmente vive e trabalha em Londres. O poema se encontra no livro _ Ícaro e Eu

Um comentário:

  1. Muito lindo o poema! Fico feliz de poder encontrar nesse blog tantas coisas interessantes!

    Continue assim!=]

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