quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tempocídio


Quando o pai não voltou nunca mais, a mãe contou à menina que ele ficou na estrada. Cresceu e passou a vida procurando o pai e salvando homens. Da estrada. Deixar de procurar o pai não fez para ela o mundo diferente.  Rasgou papel, apagou textos, pintou quadros _ nada mudava.  Matou o pai e encontrou a Morte.  Desde então, toda certeza desmatelada em poça d´agua, menos uma _ a Morte existe, e se o tempo para os mortais é curto, usá-lo mal é crime.

8 comentários:

  1. A lua de prata
    no céu se esconde
    As estrelas pingam
    lágrimas de saudade
    A noite grita
    dentro de mim o teu nome

    Lou Witt

    Feliz noite....Beijos meus! M@ria

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  2. Eliane, que interessante seu blog! Gostei de suas palavras, suas reflexões e seus caminhos.

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  3. Somos todos como esta menina que procura o pai. Alguns procuram a mãe. Mas esta, rosada e linda, dorme no regaço do tempo. O pai sugere proteção, abertura de caminho, limite nos sonhos.
    Que bela síntese no palmilhar da estrada... Sim, até que cheguemos a conclusão de que a vida na Terra é mesmo finita, muitas águas passam sob nossos pés. Mas o importante é o encontro: reconhecer-se. Abraçar a si mesma quando cansada de tanta procura. O pai agora está dentro, como certo santuário onde a Luz se desloca para o interior de nós mesmos.

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  4. Essa doeu. Trabalho forte, agressivo (positivamente agressivo)... O texto; bom, o texto é daqueles da série "Poxa! Por que não fui eu a escrever isto!?". Boa Quinta. Jacson Faller.

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  5. Eliane,cá estou a filosofar sobre seu post,é bom puxa pela reflexão.Sempre falamos em Tempo,Morte,porém é difícil entender estes acontecimentos que já fazem parte de nossas existências.Otimo texto,parabéns.Abraço!

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  6. Blogueiros,

    adoro ter vocês aqui comigo para um café e bom bate-papo. Publico alternadamente neste e no blog "psicanálise e arte."
    Também irei a vocês!

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  7. Preciso de leitores críticos.
    Jacson, tive uma boa quinta.
    Obrigada.

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  8. Vagando nessas tantas ruas virtuais, encontrei tua porta de amante das Letras aberta - e entrei. Devo anunciar-me como um desses que diz "Oi, de casa! Trago aqui em minhas mãos a chave para dias melhores: escrevo e vendo livros!". Assim, venho te convidar para visitar o meu blog e conhecer as sinopses de meus romances, a forma de adquiri-los e, posteriormente, discuti-los. Três deles estão disponíveis inclusive para serem baixados “de grátis”, em formato PDF.
    Um grande abraço literário,

    João Bosco Maia

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